segunda-feira, 16 de abril de 2018

Poesias: Movimento afrologiando


BIOGRAFIA: Maria Aurea dos Santos do Espírito Santo, nascida em 23/09/1971 em Igarapé-Miri, município do Pará. Filha de Orivaldo Gonçalves do Espírito Santo e Inês dos Santos do Espírito Santo. É concursada no Governo Estadual no Amapá, cursou Magistério com Licenciatura em Pedagogia na UNIFAP/AP. Especialista em Gestão  do Trabalho Pedagógica: Orientação e Supervisão pela Faculdade Atual no Amapá e Educação de Jovens e adulto pela Instituto IFAP/AP, atualmente cursando Mestrado em Ciências da Educação no Paraguai na Faculdade UNINTER. Atua como professora do Ensino Fundamental I na Escola Estadual Brasil Novo, de cor negra, defende causas relacionadas à relação étnico racial, na inclusão, na diversidade, no combate ao racismo, discriminação e preconceito. Bem como questões sobre o Meio Ambiente. Contato: (96) 991743388 (Wat), e-mail: aurea.santos10@gmail.com, página no facebook: Educar a ação e meu blog: http://educaaao.blogspot.com.br/ .
Título: “Resistência Negra”
1.    Literatura, negritude e Africanidade.

Vista a minha pele

De uma terra muito distante
Vieram os negros para o Brasil.
Deixando famílias, riquezas e amigos,
Pra construir um novo País.

Destruíram seus mocambos
Negro morreu de banzo
Despojaram seus ideais,
Abafaram sua cultura demais.

Aqui neste País
Terra de encantos mil.
A luta de Zumbi
Valeu pra mim e pra ti.

Mas o rufar dos tambores,
E a sinfonia do berimbau
Tornou meu quilombo ideal.

E com a Lei 10.639
Minha escola ficou forte
Do currículo escolar
Vou então participar.
Hoje tenho felicidade
Em poder declarar minha identidade

Sou Negra!
Sou negro!
Vista a minha pele!
Vista a minha pele e venha comigo sambar.
Vista a minha pele e capoeira vamos gingar.
Vista minha pele e vamos todos marabaixar.



Canoeiro
Canoeiro, vai canoar.
Em pé na montaria, joga a vara, puxa a vara.
Empurra a canoa
Entre juncos e mururés, toca a boiada.

Canoeiro, vai canoar.
A banhista que o avista, registra sua manha.
Entre garças, ariranhas e o voo da piaçoca.

O boi boiado obedece e o canoeiro agradece.
Ao entardecer, essa cena  é comum, nos campos do Criaú.


O negro quer

O negro quer carinho, o negro quer amor.
O negro quer amizade e não desamor.
O negro quer vida, o negro quer paz.
O negro quer cantar, dançar e tocar
Como todo mundo faz.
Sem preconceito, sem humilhação.
Quer viver feliz, com paz  no coração.

O negro se libertou do sistema que o escravizou.
Não existe só uma cor, raça ou religião.
O negro quer compreensão.

Sim, para a paz e não, para a guerra.
Se todos derem as mãos abraçaremos a terra.
Não importa se é branco, preto, rico ou pobre.
Devemos amar a todos e ter um coração nobre.

Negro quer vencer.
Lutar capoeira, dançar Marabaixo.
Negro quer samba, quer Rap
E hip-hop, sem sair do compasso.

Negro quer escola, quer trabalho e salário.
Quer comer bem e ter bom vestuário.
Quer dignidade e justiça,
Direitos e deveres legais.
Omissão, jamais!

O negro não quer racismo, nem discriminação.
Já passou desta fase faz um tempão.
Novos ideais, novas conquistas,
O negro quer ser sempre otimista.


Negro falador

Negro, negro falador,
Fala pra mim de sua dor.
Diz que és um povo presente,
Porém como gente quer plantar amor.

Negro, negro falador.
Fala aos descrentes,
Que apenas és diferente,
Porém como gente quer viver contente.

Negro, negro falador.
Fala pra mim de sua dor,
Ecoa o teu tambor,
Dissemina teor, mostra o teu valor.

Quer criar, quer sambar,
Se formar e exercer,
Seus méritos com prazer.
Ensinar os delinquentes,
Veem-se competentes.
E lhes falar que a vida é linda,
Quando vivida e não sofrida.
Oh negro falador fala e não cala!


Negro é
Negro no Brasil,  tem olhos pretos,
Azuis ou castanho, de todo jeito.
Negro é realista, calmo e feliz.
Amoroso, sorridente, bem diferente.

Negro é trabalhador, tem gente que não dá valor.
Tem outros que desprezam o  negro por sua cor.
O negro é inteligente da África é descendente.
O negro é um presente principalmente pra gente.

Negro trabalha tanto,  enfrentando frio e calor.
Está a contribuir com a construção do País.
 Na vida ou na ciência
Nunca esteve ausente
Pois é um ser competente.

O negro é humano e social.
A capoeira, sua arte corporal.
Batuque e Marabaixo, seu ritmo ancestral.
A divindade, força espiritual.
Para defendê-lo de todo o mal,
Isso é muito legal!


Manifestações afro brasileiras

Nesta terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá.
Trouxeram negros de tão longe
Pra nesse País escravizar.
            Ao chegarem no Brasil
            Terras de encantos mil.
            Desenvolveram formas de proteção
            Contra violência e repressão.
                        Os senhores dos engenhos, os via como banal.
                        O capitão do mato, só dava golpe fatal.
                        Então, a capoeira, era arte marcial.
                        Instrumento de resistência física e cultural.
                                   Com o passar do tempo,
                                Muitas danças vieram se manifestar:
                                   Olodum, hip-hop, axé, carvalhada.
                                   Fank, fandango, maracatu e raggar,
                                   Rap, reggae, carimbo e timbalada...
                                               A história atual
                                               Apresenta com honra varonil
                                               Vultos negros que contribuíram
                                               Na construção do Brasil.
                                   Acredito ser fundamental.
                                   O reconhecimento afro brasileiro.
                                   É um marco referencial,
                                   Que legitima e garante, minha identidade cultural.
                                               Nada de discriminação e preconceito
                                               Práticas pejorativas.
                                               No toque do tambor,
                                               Fora essa visão racista.
                                   De escravo à cidadãos
                                   Surgem heróis de coração.
                                   Zumbi, rei palmarino.
                                   Chico Rei o libertador.
                                   Aleijadinho, o entalhador
                        Cruz e Souza, o abolicionista.
                        Machado de Assis, o romancista.
                        Pelé, o rei jogador.
                        Pixinguinha, tocador.
                        Grande Otelo, o ator.
            Valeu tia Venina! E mestre Pavão!
            Entes queridos do nosso Torrão.
            E se tiver mais que falar...
            São tantos nomes a recordar.
            A valorização afro - brasileira deve continuar,
E a Lei 10.639 veio isso fortificar.
Enquanto isso em Macapaba,
Como mãe Luzia, vou partejar.
As garrafadas do Sacacá, vou tomar.
E como mestre Julião, vamos todos marabaixar.


A saga dos negros

Negros dançavam, cantavam e tocavam,
Na África, sua terra natal.
Sempre alegres pelas fartas colheitas,
Fertilidade, motivo dos festivais.
Mas sem esperar, sem direito a questionar,
Foram atacados e capturados.
E para várias partes do mundo,
Remanejados.
Nos navios negreiros,
Açoites, gritos e mortes.
Legiões de homens e mulheres,
Jogados a própria sorte.
O estalar dos chicotes,
Chibatadas hipócritas.
Pura demagogia...
De dor negro estremecia.
Roubaram-lhe a alma,
Direito de conviver em clã.
O banzo era o placar mortal.
Oh! Saudade da terra natal.
Ao chegarem ao Brasil,
Chicote no dorso da negrada.
O capitão do mato não perdoava,
E o sinhozinho era quem ordenava.
Tempos difíceis,
Pra quem vivia acorrentado.
Quando possível,
Pro Quilombo... Refugiado.
A Lei Aurea no papel,
Foi um grande libertário.
Uma ponta do Ice Berg,
Pra formar novos ideários.
Daqui pra frente, a resistência,
Casou-se com a arte e ciência.
E negros revolucionários,
Constituíram novos cenários.
Na política, arte, religião...
Economia, saúde e educação.
Em todos os aspectos sociais,
A manifestação afro é tenaz.
A negação étnico racial,
Cotidianamente.
Abstraindo o multiculturalismo,
Explicito a toda a gente.
Mas a voz que não quer calar.
Enamorou-se de determinação.
Pois negro precisa lutar,
Pela fala, visibilidade e participação.
Então, seu legado espalhou,
Em todo lugar que passou.
Pois muito contribuiu,
Para construção do Brasil.


Grito de guerra

Meu grito de guerra é o rufar dos tambores
Minh ’alma se enche de paz
Meu torrão tem descendentes em cores
Mama África meu Amapá.

Capoeira ou marabaixeira,
Foram expressões repletas de dor.
Hoje eu sou feliz eu canto e danço.
Na mãe África do equador.

Mama África!
Macapaba, Amapá.
Mama África!
Bacaba, Macapá.

Seguir em frente
Negro forte, negro valente!
Enfrenta as dificuldades
Como toda gente.
Constrói e cultiva
Com muita alegria.
Sei que o sofrimento
Atinge o seu dia a dia.
Mas hoje é cantor e doutor.
É liberdade,  é teor.
Alegria e comunhão,
Entre jovens e anciãos.
Harmonia e coragem.
Educar a nação é pura felicidade.
Canta, canta minha gente,
Vamos todos seguir em frente.

Inclusão
O povo negro está em festa.
O índio também se manifesta.
E todos entram nesta inclusão.
São formadores desta nação.
Eu quero cantar!
Eu quero dançar!
Eu quero tocar!
Festa bonita é pra comemorar.
É a identidade do meu lugar.


MACAPÁ

Macapá, terra boa de morar.
Bonita mata! lindo céu!.
Há beleza no Rio-Mar!
Pedra do Guindaste, aves a voar.
Saúda quem está a chegar.

Sentinela Altaneira.
Com o nome de palmeira.
Recanto sagrado e amado,
És riqueza brasileira.

Com olhar de vencedores,
E amor no coração.
Ao som de flauta ou tambor,
Cantamos a sua canção.

Bacaba, Macapá.
Origens Tupis,
Raízes quilombolas.
Vislumbra a glória,
Ao anoitecer, desde a aurora.

É grande a diversidade
Da iguaria regional.
Exaltam a fauna e a flora,
Nativas neste local.

Deleite é a Linha do Equador.
A Fortaleza é um primor.
O Rio Amazonas é viril.
Encantos da terra varonil.

Capital no Meio do Mundo.
Macapaba, Tucujulandia,
Metropolitana, Morena açucena,
Joia da Amazônia.

Tens Aurea Auriflama,
Que enaltece a quem povoa.
Que aguerridos e militantes,
Seguem firmes e triunfantes.

Em plena época de desmonte,
Marea na resistência.
Combatendo a diplomacia,
Com arte, garra e ciência.

Com seu artesanal
Embala os festivais.
É forte o manancial
Das manifestações culturais.

Parabéns a Macapá!
Do Marco Norte ao Marco Sul.
Brilhai como o Equinócio!
Adorável terra Tucujú!


Aquarela Humana

Todo artista pinta sua obra,
Das cores que lhe convém.
Eu quero compor,
Meus versos em cores também.

Mostrar o possível!
O óbvio! O incrível!
Numa aquarela humana,
Que predomina o civil.

Cada cor um tom,
Um jeito, num quanti específico.
E na tela denotar,
Reflexo magnifico.

Fruto da miscigenação,
Preto, pardo, branco, amarelo...
Ver nas cores vislumbrar,
Uma imensa aquarela.

A cada pigmento,
Por trás um dilema.
Que pode também bombar,
Nas telas de cinema.

Faço jus ao colorido,
Que tem meu País querido.
Aquarela humana verdadeira,
É a nação brasileira.


2.    Quilombo, Disputas e Identidade


Amazônia de pé

Úmida floresta da América do Sul,
Refletes em tuas águas, o imponente céu azul.
Influencias o equilíbrio ambiental,
Ao planeta tens papel principal.
“SOS Amazônia”! Grita quem sabe amar,
Quem em seus rios se banha e nas matas a fome vem saciar.
Verdejante! Majestosa! Obra prima imperiosa!
No rebojo das falácias, minhas lágrimas copiosas,
Molham o rosto que estremece, da brutalidade asquerosa.
Líderes sem escrúpulos! não veem o absurdo!
Que podem causar dores, a ti floresta e aos moradores.
Visam ser a razão, derrubar-te em teu próprio chão.
Acordos milionários ferem direitos minerários,
Ao extrair do teu interior recurso de mui valor.
Oh esfera monumental! De fauna e flora excepcional!
O povo da floresta não abre a guarda.
Indígenas, quilombolas, ribeirinhos e muito mais.
A RENCA é um alento pra esta esbelta nação.
É ordem e progresso? Ou desordem e extinção?
Recua o inimigo movido pela pressão.
Manter a vigília, já! Suspender não é revogar!
Vai que o inimigo resolva, com a caneta rabiscar.
Comprometendo o destino de todos os amazônidas.
Por ti, todos, num grito de fé:
“Queremos a Amazônia de pé”



MEU LAR
Meu lar indígena!
Meu lar afro!
Meu lar! Meu lar!

Terra de muitas palmeiras,
A açucena da Amazônia.
De montanhas e cachoeiras,
Assim é o Amapá.

Muitas vidas nos lagos e matas,
A diversidade reina nesse lugar.
A cultura sem par retrata,
Usos e costumes do além mar.

Capital desse rincão,
É o berço, casa e chão.
Aconchego de um lar.
Assim é Macapá.


 
QUILOMBO

Lugar arejado, núcleo de resistência.
Quilombo, mocambo ou terra de negros, fortificação.
Lugar arejado de meus antepassados.
Que hoje evolui com a cultura de um povo miscigenação.

Quilombo é habitação, quilombo é evolução.
Tem escritores, jornalistas, tem poetas e muitos artistas.
Quilombo é meu próprio chão, que amo de coração.
É um espaço natural que cultiva o cultural.

Quilombo é criatividade, quilombo é irmandade.
Tem um jeito diferente dos que vivem na cidade.
Quilombo vive a bailar nas cantorias que tem por lá.
Quilombo é assim, é pra viver e ser feliz.

Quilombo é garra, é raça, quilombo é a nossa casa.
Trabalha com a natureza e faz dela fortaleza.
Quilombo é um pedaço da África em plena Amazônia.
Que dança Marabaixo e faz suas cerimonias.

Quilombo não é só tranquilidade, é luta pela equidade.
Hoje faz sua resistência com arte e ciência.
Quilombo é manifestação pela posse e preservação.
Quilombo é um aglomerado, um abrigo considerado.




Comunidade Quilombola Torrão do Matapí



Torrão do Matapí  iniciou com um cafezal.
O Sr. José Arthur Torrinha era dono daquele local.
Situada na BR156, na Rodovia Macapá Jarí,
Em cima de um Monte, formou-se a Comunidade do Matapí.

Seu Pedro Mendes e D. Cândida, negros, escravos de Mazagão.
Vieram com toda a família, trabalhar naquele Torrão.
Como caseiro no cafezal, Trouxe o sustento ao seu lar.
Seus filhos cresceram e se casaram, formando a comunidade familiar.

Com o sumiço do Sr. Torrinha e de Pedro Mendes, a eternidade.
Seu Benedito, o Bilozão, herdou toda propriedade.
Distribuindo a cada irmão, um pedaço daquele chão.
Surgiram mais duas vilas, trazendo grande transformação.

São Benedito é o padroeiro, daquela localidade, o principal.
Mas ainda tem a Sra. de Assunção e  São Tiago do Torrão.

Ali, o folclore é marcado, pela cobra grande que apareceu.
Assustando toda a população no Porto do seu Bilozão.
É uma história Verídica, que resultou em composição.
Cantada e tocada por Ronaldo Silva, com muita inspiração.


Comunidade Quilombola do Curralinho

“É ali, lá no curralzinho”, era assim que todos diziam.
E por causa dessa expressão, todos,  esse lugar, conheciam.

É um cantinho sossegado, gente chegando bem de mansinho.
Da Ilha Redonda e do Criaú, formando o Curralinho.

No início, só tinha um capoal, pois era um pequeno curral.
Que bicho nenhum cercava, mas deu nome ao local.

Curralinho é uma comunidade nova, que tem apenas 90 anos.
Com muita história e tradição, quem deu nome, foi seu Mariano.

Na BR210 fica situada, à 11 km de Macapá.
Depois do Posto Policial, dobrando à direita, num ramal.

Os comunitários vivem de roça, de horta e criação do quintal.
Pra alimentar a famílias ou vender nas feiras da Capital.

Os Programas Federais, ajudam também esse povo.
Que faz voto profundo na festa de São Raimundo.

No culto ao Glorioso Raimundo, que é santo de devoção.
Quando começa a festança, vem gente de toda  a direção.

Do curralzinho à Curralinho, tornou-se uma grande comunidade.
Que evolui culturalmente, com seus afros remanescentes.



Comunidade Quilombola Maruanum.

O Distrito do Maruanum, localizado ao sudeste do Amapá.
É uma comunidade quilombola, à 80 Km de Macapá.

Originou-se de uma tribo indígena que habitava na região.
Marú e Anum foi o último casal que restara naquele local.

Alguns escravos fugitivos, chegaram com potencial.
Tornando-se, novos moradores, mudando o Contexto cultural.

A maioria da comunidade é remanescente de africanos.
Que fugiram da escravidão no período da Colonização.

Bem recebidos, pelo casal de índios, os quais quiseram agradecer.
Juntando as palavras: Marú e Anum, o nome da comunidade veio aparecer.

Maruanum, lugar de ecoturismo! Com fauna e flora, presença natural!
Com campos e várzeas, beleza exuberante! Destacando seu poder artesanal.

Técnicas de negros e índios, senhoras artesãs abraçam o legado.
A Associação de louceiras, praticando a arte com barro molhado.

É uma comunidade estrutural, valoriza o ecológico e o cultural.
Um pedaço da África em plena Amazônia,
Que dança Marabaixo e faz suas cerimônias



Comunidade Quilombola do Criaú

Das palavras cria de criar e mú de gado
Formou-se a palavra Criamú
Que com o passar do tempo
Evoluiu para Curiaú

Cria-ú de fora, Cria-ú de dentro
Cria-ú debaixo, Cria-ú de cima
È uma linda vila
Você nem imagina!

Localizada na AP70
A 12Km de Macapá.
De fauna e flora diversificada
Lugar bom pra se banhar.

Tempos atrás era apenas um lugar
Onde negros escravizados vieram morar.
Refugiados sim, mas para garantir.
A liberdade que temos aqui.

Hoje considerada como APA
Área de Preservação Ambiental.
Para que a população com seus recursos
Mantenha sua beleza natural.

É uma Comunidade Quilombola,
Peixes! Garças! São a graça do lugar.
Marabaixo e batuque
No terreiro da tia Chiquinha.
A cultura negra está presente
Na história do Amapá

Salve a  Santa Maria!
Salve São Joaquim!
E salve o santo Antônio,
Que são padroeiros daqui.
Pois no toque do tambor,
Minha vida é um esplendor!




3.    Feminismo Negro

Mulheres Empoderadas

Marabaixo é tradição no quintal da tia Chiquinha
Marabaixo é tradição com Gertrude ou tia Venina.
Marabaixo é tradição com floridas indumentárias.
Marabaixo é tradição com Danielle, Naíra e Laura.

Pega de cá, ou pega de lá, todas vieram pra somar.
É a mulherada empoderada no Estado do Amapá.
Então pega de cá ou pega de lá, roda a saia sem parar.
É a mulherada empoderada no Estado do Amapá.

Marabaixo é tradição lá em Mazagão.
Verônica dos tambores toca um ladrão!...
Marabaixo é tradição em Campina Grande.
Chama a Del e pega as caixas que tu vás ver o que é cantar comadre

Marabaixo é tradição, as moças do meu Torrão,
Com suas saias rodadas, volteiam no barracão.
Marabaixo é tradição, pra toda geração.
Tem meninas que não perdem um arrasta-pé no salão.


MULHER

O que vemos?
Ferro, pedra, algodão.
No subsolo,  na terra, no ar...
Mulher é ação.
Pura fascinação.

Rígida como ferro.
Consistente como pedra
Leve como algodão.
Contradição?
Não! Mulher não!
Pura convicção.

Persistência ferrenha
Pedraria rara
Algodão doce?
Mulher mil.
Versátil.

Fascinação..,
Convicção...
A alma da mulher,
Não é coisa qualquer.
É diversidade.
É criatividade.


Mulheres empoderadas

Todas sorridentes, nitidez presente.
Como beija-flor, soltam o seu voou.
Hoje um belo dia! Dia de alegria.
Mestiças de amor, que revelam seu esplendor.

Rodeadas por joias raras.
Mulheres empoderadas.
Encantam e me seduz
Como raios de luz.

Vó, mãe e irmãs.
Tias, primas e amigas.
Te amo!
Je t’aime!
I love you!

Deus dos céus as abençoe.
E lhes deem profundo amor.
Mulher, parabéns para você.
Que tanto faz pra merecer.

Negra de amor

Sinhozinho venha ver
O que no Brasil aconteceu.
Meu pranto em alegria se converteu.
Com a Lei 10.639
Minha escola ficou forte.
Do currículo escolar, vou participar.
Sou negra! Sou negra!
Negra é a etnia
Negra é a cor,
Negra de amor.


Sinhozinho venha ver
O que no Amapá aconteceu.
Minha escola, o  ensino fortaleceu.
E no toque do tambor
Marabaixo eu danço com amor.
Sou feliz e brilho como o sol do Equador.
Sou negra! Sou negra!
Negra é a etnia
Negra é a cor,
Negra de amor.


Senhorzinho venha ver
O que em Macapá aconteceu.
A tradição nas ruas visibilizou.
Pixaim ou Sarará,
Meu cabelo agora é moda.
Entre nessa roda e venha comemorar
Sou negra! Sou negra!
Negra é a etnia
Negra é a cor,
Negra de amor.




Consciência da Mulher Negra

Fui classificada ao máximo na cor, na aparência, na estatura.
Na fala, no beiço, nariz e cabelo, a custa de pão, pau e pano.
A Diáspora traçou meu destino, Mama África ficou para traz.
A dor que imperava no “Tombadilho”, era que liberdade, eu não tinha mais.

Ao avistar a terra do novo mundo, apesar da beleza natural.
Foi me imposto, costumes e um nome, me distanciando de meus ancestrais.
Mas não puderam calar minha voz, meu tambor, meu afoxé, meu berimbau...
Meu jeito, meu credo, minha dança, incomodava destemidas rivais.

Muitas lutas eu resisti, no quilombo me refugiei.
Pus em prática o que de raiz aprendi, pois esse chão era minha nova grei.
Regado com sangue fraternal, liberdade no papel alcancei.
Pura demagogia racial, não foi inclusa no social.

Mesmo sendo parte do global, pelas conquistas de direitos, lutei.
Mas a nomenclatura magistral me resumia apenas aos três ps.
Difícil ser negra ou mulata, em plena política do branqueamento.
Ainda bem que “Casa Grande & Senzala”, reinterpretou-me triunfantemente.

Hoje com as conquistas vindouras, tenho meu livre arbítrio.
De mostrar , o que sou e o que faço, afirmo-me do pó ao aço.
A minha identidade, reflete pura beleza.
Que rufem os tambores, pois quero dizer:
“ Viva a Consciência da Mulher Negra”!





4.    Discriminação, preconceito e racismo.

Preconceitos e descasos

Preconceitos e descasos
Provocam maus pensamentos
Nos domínios desta terra,
Negro cai no esquecimento.

Negro também tem amor.
Quem conhece esse povo
Reconhece seu valor
Negro também é nação.
Somos todos mestiços,
Mestiços de coração.

Responda-me amigo
Esclareça-me irmão.
Se na sua comunidade
Ainda tem discriminação?

Para ser igual aos outros,
O negro tem possibilidade.
Só depende de você,
Garantir-lhe oportunidade.


Diga não a discriminação


Estou aqui de boa e venho pra te dizer,
Que a discriminação não tem que acontecer...
Índio, brancos e negros, são irmãos pra valer,
O não a discriminação, só depende de você.

Devemos respeitar a todos, para então ser respeitado,
A escola nos ensina, sermos alunos educados.
Minha força é de ferro, minha pele é de cor,
Minha alma é de valor, minha fala é puro amor.
Sou uma negra destemida, prego paz e harmonia.
Diga não a discriminação, esse é meu lema, todo dia.

Preconceito é burrice! Discriminação é tolice!
E o racismo o quê que é? É falta de consideração.
Com qualquer nação.
Nada de preconceito! Tenha todo respeito!

A Lei Aurea fez sua parte,
Zumbi foi um grande Marte.
Pra quê Bullying meu irmão?
Somos todos cidadãos.
Toque em minha mão e me dê um abraço,
Vamos fazer uso deste pequeno espaço.

Respeite meu Black Power! Respeite o meu falar!
Respeite a minha cor! E amigos vás encontrar.
Somos todos iguais, com diferentes ideais,
Somos só uma nação. Diga não a discriminação!


Valorização merece atenção

De pele clara, de pele escura
De fala branda ou fala dura.
Vejamos, isso é um fato!
Tudo igualzinho, seria chato.
Índio, branco, negro, aí estão.
A diferença é um Pendão.
O bullinyng é sofredor
Queremos paz e amor.
Não apelidar! Pelo nome chamar.
Não desrespeitar! E sim valorizar.
Não xingar! Devemos cuidar,
Amar e considerar.

Viva! Viva a Valorização!
Fora a discriminação!
Somos todos irmãos.
Isso merece atenção.

Cultivar a irmandade

Não importa ser negro ou branco
Não importa foi Deus quem os fez.
Viva a liberdade.
Devemos cultivar a irmandade.
Amor é um valor que todo o ser sente.
O bulliyng, nos deixa descontente.
Com amor e verdade
Vamos varrer a maldade
O amor de Divino não faz separação
Todos moram em Seu coração.
Não cabe a nós, tal desprezo,
Todos devem ser amigos do peito.


Criança
Criança guerreira com os pés no chão.
Que vive nas ruas, mendigando o pão.
Sobe o morro, desce o valado,
Buscando comer um pedaço ou punhado.

Levante sua alegria, vislumbre sua cor,
Acorde seus sentimentos, ela é um primor.
Exponha o sorriso, se encha de alegria,
Não tenha vergonha de entrar nesta folia.

Criança alegre, de muita ousadia,
Merece segurança em todos os dias.
Não tenhamos  medo de cobrar seus direitos
Exigindo da sociedade mais respeito.

As crianças são lindas, têm o que viver.
Não vamos deixa-las perecer.
Levante a bandeira, transmita esperança,
Dê um mundo melhor a todas as crianças.

Seja branca  ou negra devemos respeitar
Toda a criança do nosso lugar.
Levante a cabeça e pense bem,
Faça um carinho no rosto de alguém.

Se há bondade no coração,
Pelejemos contra a discriminação.
Se tivermos fé e respeito
Lutemos contra o preconceito
Se a vida inspira humanismo
Batalhemos contra o racismo.

Independente de credo, cor, ou religião,
Devemos ter garra e prontidão.
Pra defender a pequena cidadã,
Criança é o futuro do amanhã.


Negro Vencedor

Na minha escuta,
Na minha fala,
Minha identidade se constrói.
No meu agir,
No meu intervir,
É que eu digo onde dói.

É com chocalho,
É com tambor,
Que mostro com fervor.
A minha dança,
 A Minha ânsia,
Compartilhada com amor.

 E marabaixo, batuque e capoeira,
São minhas expressões.
De resistência, de liderança...
Sou Negro, Negro vencedor.

Igualdade Racial

É tempo de amor,
Abraços de amigos.
Certeza do dia,
Cantando e sorrindo,
Alegria explodindo.

Eu e você, você e eu.
Igualdade racial.
Maneira de ver o outro,
De forma especial.

A começar por mim.
Vou me ver, me sentir
E entender,
Como é bom ter você.

Meu ir e vir, teu vir e ir,
Tem toque e valor.
Respeito à diferença é igual,
Igualdade racial.

Esperança

Ouviu-se um grito de Guerra em silêncio.
As correntes apertavam os pés descalços.
O corpo cambaleava, sobre o solado.
As correntes apertavam as mãos em punho
E o corpo cambaleava em fileira e imune
Oh, oh oh!
Na mãe África, não estou.
Oh, oh oh!
Só saudade é o que restou.

Ouve-se um grito de guerra em silêncio
Desmontes e violência. Quanta imprudência!
Operários ou civis, entregues, aos mil.
Na Pátria amada, de céu anil.
Oh, oh, oh!
Na mãe África, não estou.
Oh, oh, oh!
Desconheço o que restou.

Ouviremos um grito de guerra em silêncio
Dos que não se renderam e tem argumento
A esperança renasce sobre o asfalto
E o povo segue ao combate no alvo.
Oh, oh, oh!
Na mãe África não estou.....
Oh, oh, oh!
A esperança é o que restou.