quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Consciência da Mulher Negra

Consciência da Mulher Negra

Fui classificada ao máximo na cor, na aparência, na estatura.
Na fala, no beiço, nariz e cabelo, a custa de pau, pão e pano.
A Diáspora traçou meu destino, Mama África ficou para traz.
A dor que imperava no “Tombadilho”, era que liberdade, eu não tinha mais.

Ao avistar a terra do novo mundo, apesar da beleza natural.
Foi me imposto, costumes e um nome, me distanciando de meus ancestrais.
Mas não puderam calar minha voz, meu tambor, meu afoxé, meu berimbau...
Meu jeito, meu credo, minha dança, incomodava destemidas rivais.

Muitas lutas eu resisti, no quilombo me refugiei.
Pus em prática o que de raiz aprendi, pois esse chão era minha nova grei.
Regado com sangue fraternal, liberdade no papel alcancei.
Pura democracia racial, não fui inclusa no social.

Mesmo sendo parte do global, pelas conquistas de direitos, lutei.
Mas a nomenclatura magistral me resumia apenas aos três ps.
Difícil ser negra ou mulata, em plena política do branqueamento.
Ainda bem que “Casa Grande & Senzala”, reinterpretou-me triunfantemente.

Hoje com as conquistas vindouras, tenho meu livre arbítrio.
De mostrar , o que sou e o que faço, afirmo-me do pó ao aço.
A minha identidade, reflete pura beleza.
Que rufem os tambores, pois quero dizer:
“ Viva a Consciência da Mulher Negra”!


Em 10/11/17 às 22:00h
Autora: Maria Aurea Santos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário